Para quem estudou no Porto nos últimos 15 anos, aquela resposta fará todo o sentido: "cartaz da Queima" significa, actualmente, o alinhamento das bandas que actuam nas Noites da Queima, ou eventualmente o cartaz (no sentido gráfico) que é afixado para divulgar esse alinhamento. É instrutivo ver a entrada Cartaz Oficial Queima das Fitas do Porto 2011 dum blogue dedicado à Queima das Fitas do Porto (e os comentários dos leitores do blogue, discutindo a qualidade do "cartaz").
Mas, há 15 anos, eu fiquei chocado.
Para quem viveu a Queima antes de esta se tornar um festival de música (decorrendo em segundo plano umas agora chamadas "Actividades Académicas" - entenda-se Serenata, Imposições de Insígnias, Cortejo, Sarau, etc.), o Cartaz da Queima era um cartaz que anunciava, de concreto, apenas as datas de início e fim da Queima, mas que se referia a toda a Queima das Fitas (e não apenas a uma actividade) e que se tornava um símbolo gráfico da Queima desse ano. Nos anos 80 e 90 era editado também um autocolante com o mesmo desenho do cartaz, e era costume ir colando esses autocolantes no interior da pasta, marcando as Queimas por que se tinha passado (este costume já existia nos anos 50 e 60, com algo semelhante aos autocolantes - os selos ou vinhetas - mas com a diferença de o desenho não ser igual ao do cartaz).
Os autocolantes das minhas Queimas, no interior da minha pasta (mas atenção: alguns destes autocolantes são não oficiais).O cartaz da Queima resultava de um concurso, tendo o desenho de obedecer a duas regras: incluir um monumento característico da cidade do Porto ou uma vista geral da cidade e incluir as cores de todas as faculdades e institutos participantes; nos últimos anos (creio que a partir de 1992) devia também incluir as chamadas insígnias de praxe: tesoura, colher, moca e penico.
Falta dizer que a tradição do cartaz veio, como a maior parte dos elementos da Queima das Fitas, de Coimbra, onde data dos anos 30 e se mantém, ou manteve até há pouco tempo. Os cartazes de Coimbra até 2007 podem ser vistos numa secção própria da página do Conselho de Veteranos (ou, ao vivo, no Museu Académico).
P.S.: Lembro-me do Victor Ferreira como um bom académico. Mas era um pouco mais novo do que eu, e quando tivemos aquela conversa era já demasiadamente dirigente associativo...
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